domingo, 3 de outubro de 2010

Espiritualidade invade as telas

Neuber Fischer

Os temas ligados a espiritualidade e ao mundo sobrenatural, nunca estiveram tão em alta na produção audiovisual brasileira como nos últimos tempos, são novelas, seriados e filmes, todos baseados em histórias espíritas. Os mais recentes e que têm tido grande repercussão junto ao público são os longas “Chico Xavier” e “Nosso Lar”, a novela “Escrito nas Estrelas” e o seriado “A Cura”.

Lançado no primeiro semestre deste ano, o filme “Chico Xavier”, de Daniel Filho, descreve a trajetória do maior médium brasileiro, que viveu 92 anos e desenvolveu importante atividade espírita e filantrópica. O longa é um dos maiores sucessos do cinema nacional, nas telonas foi visto por mais de três milhões de espectadores, arrecadou quase 30 milhões em bilheteria e é um dos DVDs mais vendidos do ano até o momento. “O filme é uma história de emoção, Chico era um santo, mas também um homem” diz Daniel Filho.

Baseado no mais bem sucedido livro psicografado pelo médium Chico Xavier que já vendeu cerca de dois milhões de exemplares, “Nosso Lar”, que estreou nos cinemas em três de setembro, mostra a cidade espiritual para onde vão aqueles que começam uma nova jornada de autoconhecimento, de acordo com a doutrina da reencarnação. A produção do filme custou R$ 20 milhões, muito dinheiro para o cinema nacional. Os efeitos visuais foram criados no Canadá, onde "Nosso Lar" também foi finalizado. "A gente usou todos os tipos de técnicas de efeitos visuais que existem e criou mais de 300 cenas com algum nível de inserção visual", afirma o diretor Wagner Assis. Por tudo isso se espera que o filme alcance grande sucesso e supere em muito o investimento feito. “As questões abordadas na história são filosóficas, morais, espirituais e fazem parte de qualquer filosofia de vida”, conclui o diretor do filme.

“Escrito nas Estrelas”, novela de Elizabeth Jhin, com direção de Ricardo Gomes, exibida no horário das seis pela TV Globo, une espiritualidade e ciência, a trama questiona os limites entre os planos físico e espiritual e debate os avanços da ciência genética. Questões que servem como pano de fundo de uma grande história de amor e que tem conquistado audiência média de 30 pontos, números expressivos para a atual fase da dramaturgia “global”. Segundo a autora a missão da novela é enfocar a espiritualidade no seu sentido amplo, aquela que existe dentro do homem desde que ele se pôs de pé e conseguiu olhar para o alto. “Escrito nas Estrelas mostra uma espiritualidade ligada à alegria e ao amor entre as pessoas” conta.

O seriado “A Cura” traz não só a questão sobrenatural através de curas milagrosas, mas o suspense de um thriller psicológico sem o apelo do realismo fantástico. Escrito por João Emanuel Carneiro e estrelado por Selton Mello e grande elenco, a série de nove capítulos que foi ao ar nas noites de terça-feira, atraiu o público com audiência média de 20 pontos, foi aclamada pela crítica e já é considerada a melhor exibida pela TV Globo em 2010.

Mas antes dessa leva impressionante de títulos voltados para a espiritualidade o Brasil teve outras produções que também fizeram grande sucesso, em 1994 a TV Globo lançou a telenovela “A Viagem” um marco da dramaturgia nacional. Escrita por Ivani Ribeiro e dirigida por Wolf Maya, a novela contou a história da vida além da morte e o amor eterno, profundamente baseados no kardecismo.

Em 2008 foi o filme “Bezerra de Menezes” que conta a vida do espiritualista cearense que dá nome ao longa, um dos mais renomados e conhecidos do país, que alcançou grande êxito, teve um público de mais de 500 mil pessoas e até o momento já vendeu mais de 40 mil DVDs. Luiz Eduardo Girão, um dos produtores da fita afirma que "O público está cansado de filmes de favela, cheios de violência, vão vir muitos outros filmes espiritualistas por aí, é a nova tendência do cinema brasileiro", prevê.

Para a Federação Espírita Brasileira (FEB), que bancou parte da produção de Nosso Lar, “o cinema e a televisão são vitrines preciosas para a divulgação da nossa filosofia, são canais de divulgação e transmissão de cultura” diz Geraldo Campetti, diretor da FEB.

O presidente da FEB, Nestor Masotti, diz por que histórias do mundo sem barreiras entre mortos e vivos atraem tanto público. "Todos nós, de uma forma ou de outra, sempre ficamos esperando ou pelo menos imaginando o que pode ocorrer depois da nossa morte física”.

O mercado televisivo e cinematográfico já descobriu que o assunto interessa e rende altas bilheterias e audiências, portanto novas produções virão no futuro, vale lembrar que o público brasileiro é um grande consumidor de livros também voltados para o espiritismo, então se no mundo o que está em voga é a adaptação de obras literárias para as telonas e telinhas aqui não seria diferente.


Matéria produzida para crédito à disciplina Jornalismo Cultural - 6ª período FAPCOM

A Sociedade do Telejornalismo - Apresentadores Estrela

Neuber Fischer

Há algum tempo, a televisão vem se firmando como principal meio de comunicação de massa, é nela que grande parte da população busca informação e entretenimento. Com isso, cada vez mais ela dita as regras, não só do que deve ser visto como informação, mas ela mesma adquire status de informação em outros meios. Esse movimento demonstra a dominação da TV sobre as demais mídias. “Os profissionais de rádio e impresso se informam pela televisão...” (RINCÓN, 2003, p. 47 apud HAGEN, 2008, p. 29).


Com a relevância dos telejornais, os apresentadores também ganham rótulos de artistas, fazem editoriais de moda, concedem entrevistas, falam sobre a vida pessoal, abrem suas casas, frequentam festas e se tornam alvos das colunas sociais e de fofocas. “Deixam de ser os produtores da informação para ser a própria notícia” (HAGEN, 2008, p. 30). Esta situação nos faz lembrar o que acontecia com as estrelas hollywoodianas dos anos dourados, e assim como eles, os jornalistas se tornam modelos de conduta para o público. Da mesma forma que a sociedade em geral, os jornalistas também têm problemas de família, profissionais, etc. Quem melhor administrar essa realidade, se tornar um mito, uma referência. Assim, está explicitado um conflito da imagem dos jornalistas enquanto estão na TV, ocupando um espaço do real, sendo amparados e legitimados pelo discurso da verdade, e “paradoxalmente, fora do universo televisivo, constroem uma vida espetacular, justamente no que o senso comum convencionou chamar de “vida real’” (HAGEN, 2008, p. 31). Desta forma glamourizam o ponto em comum entre o jornalista e o público, o cotidiano, de onde, por sinal, o jornalismo tira sua matéria prima.
Este conflito gera a questão: como é possível aos jornalistas, preocupados com a verdade, objetividade e imparcialidade, se deixarem levar por aquilo que renegam, tornando-se a notícia. O objetivo deste artigo não é apontar nomes, mas compreender o processo de construção dos apresentadores-estrelas.


Isso se dá pelo “entrelaçamento entre o jornalismo e as estruturas míticas, que de forma simbiótica, atua subjetivamente na construção dos indivíduos” (HAGEN, 2008, p. 31).


Algumas pistas estão no fazer profissional do jornalismo, o acontecimento, o quanto mais raro mais importante. O pensamento mítico que fundamenta e articula o fazer da notícia. Acontecimento, jornalismo e construção do pensamento se encontram. Ao trabalhar com o racional, o dia-a-dia, os jornalistas não param de pensar em fatos que lhe chamam atenção, fatos estes que também atraem o público.


O discurso racional e o subjetivo se misturam, um complementa o outro e agem sobre o pensamento humano sem percebermos. “Comunicação é mito...” (TÁVOLA, 1985, p. 225 apud HAGEN, 2008, p. 34) e essa é a base do jornalismo.


O jornalismo é compreendido pela teoria construcionista, com as rotinas de trabalho sistematizadas e os modelos noticiosos predefinidos. Mas essa interação ultrapassa o espaço da redação e abrange as fontes de informação, outros jornalistas e profissionais de outras categorias.


Ao se aceitar a notícia como produto cultural tem-se um resultado que ordena o imprevisível e o inesperado que serão processados em notícia. É preciso compreender o jornalismo como construção a partir de possibilidades mediadas e nunca de afirmativas absolutas. O jornalismo não se constitui em um discurso de primeira mão, ele incorpora a fala de outras áreas. É nessa interação, na apropriação de múltiplas vozes, que o fazer jornalístico se apresenta genuíno, detentor do espaço que ocupa, o porta voz da sociedade. E ao ocupar esse espaço os jornalistas se reconhecem como tal. O locutor que fala é legitimado pelo lugar que ocupa, o jornalista em relação ao público, a autoridade que tem ao falar para o outro.


Temos assim o discurso jornalístico como produtor de sentidos. O desafio do jornalista é escolher o que falar. Um mesmo discurso pode ser dito de diversas formas, gerando infinitas interpretações.


O jornalista acredita ser dono de um discurso isento e objetivo, quando na verdade carrega na subjetividade. Escolhe, processa, redige e apresenta a notícia ao seu modo. Vale lembrar que o jornalismo é sempre um discurso sobre algo ou alguém. Busca-se a realidade, quando só é possível tocar o real.


É interessante observar como o jornalismo atua na confirmação de um discurso, nos desdobramentos dos fatos, esse movimento causa a sensação de familiaridade com o leitor, pela repetição, dando ao jornalista a crença de que sabe o que fala e com quem fala. Situação em que o “eu” e o “tu” podem trocar de lugar. É o que faz o jornalista acreditar que conhece seu público mesmo sem ter contato com ele.


É impossível deixar de lembrar que os jornalistas ao trabalharem com a construção da notícia, tornam-se “mestres” no uso da paráfrase, a repetição. Ao mesmo tempo em que se utilizam da polissemia para dizer o mesmo de forma diferente.


A pragmática da profissão se expressa através de uma base discursiva, o fazer buscar forma e/ou conteúdo para se manter em concordância com o público. Público esse, que nada mais é do que uma posição de sujeito que os próprios jornalistas ocupam quando interagem com as outras mídias ou com veículos concorrentes aos seus. Mas, saindo da posição de espectadores e voltando a ocupar o espaço do jornalista, não tem como impedir que o imaginário da posição de “público” reforce ou transforme o sujeito-jornalista.


Essas formas míticas, travestidas de informação, ganham o status de notícia. “Assim, com o verniz de legitimidade, não causam estranhamento em uma época que profere o discurso da racionalidade, conseguindo atuar sobre um campo que pretensamente tenta negá-la” (HAGEN, 2008, p. 42).


Isso só é possível porque, ao reproduzir uma ideia, o jornalismo tenta imputar ao discurso uma verdade única e incontestável. É essa credibilidade – jornalistas que avalizam jornalistas – que ganham contornos únicos na mídia que trata de famosos e personalidades, pois mantém intacta, a pretensa credibilidade e objetividade da informação, sem deixar de oferecer uma dose de espetáculo. Isso possibilita, que ao contrario dos famosos, os jornalistas recebam um status de “únicos” de uma “sobrepersonalidade”, unindo o que dois mundos têm de mais marcante: o glamour e o marketing de um, com a credibilidade e a veracidade do outro, o atestado de que tudo que fazem é real, inclusive as possíveis estratégias de marketing.


Decifrar a sutileza desse movimento... é compreender uma das vertentes do jornalismo praticado hoje, sem desprezar uma tendência que parece ganhar cada vez mais espaço na mídia nacional (HAGEN, 2008, p. 43).


Resenha produzida para crédito à disciplina Telejornalismo, do 6º período do curso de jornalismo FAPCOM.

Revista Ferrovia




Artigo produzido para a Revista Ferrovia, em parceria com grandes profissionais do setor, sobre os maiores metrôs do mundo. Páginas 46 a 60.

IGREJA

Neuber Fischer

No centro das cidades, calma ou agitada. Em cima do morro, na planície ou depressão.

As igrejas com torres pontudas se mostram imponentes e despertam a emoção.

As ruas largas ou estreitas, em pé ou deitadas, de asfalto ou paralelepípedo cortam lado a lado, atrás e na frente e servem de trilha para a procissão.

Casas novas e antigas emolduram o cenário, e o comércio vai cercando dividindo a atenção.

Tem criança, tem senhora, tem cachorro e caminhão.

O sino de hora em hora se harmoniza com as buzinas e o relógio marca o tempo de quem tem pressa ou não.

Na Praça tem pipoca, algodão doce e diversão, tem a fonte que jorra água e toca música de montão.

Tem estátua, placa e árvores que fazem a decoração.

A luz hoje clareia e faz a vez de lampião.

O banco dos namorados hoje também serve de cama para o pobre cidadão.

A Matriz de Ouro Fino, grandiosa aos 261 anos, homenageia São Francisco de Paula e Nossa Senhora de Fátima com grande devoção.

A Catedral Metropolitana, dedicada a Bom Jesus, marca o centro da Pouso Alegre em expansão.

Santa Rita do Sapucaí, singela, a igrejinha atrai devotos em forma de multidão.

O moderno e o antigo, da Soledade a Agonia, se unem em Itajubá e traz purificação.

O gótico, o romântico, o barroco e o eclético se misturam na arquitetura rica em traços de várias mãos.

Seja o cristo, a cruz ou outra imagem, sempre ao alto da igreja convida o visitante e abraça a população.


Poema feito para o trabalho de exposição fotográfica "Jeitinho Mineiro" para crédito à disciplina Tópicas Especiais A da Profª Patrícia do Prado Marques.