quarta-feira, 18 de maio de 2011

A verdade dos fatos nem sempre é o que diz a imprensa ocidental

A civilização ocidental sempre se informou sobre os acontecimentos do mundo, inclusive dos fatos ocorridos no Oriente, pelo ângulo de interesse do Ocidente. No Brasil, por exemplo, quando ainda estudantes, as pessoas estudam temas como a Pré-História, o Egíto, a Grécia, o Império Romano, a Europa de uma maneira geral, as Américas e a África. Mas, quando o assunto são as as nações orientais, no máximo dá-se uma pincelada na China comunista, na revolução Russa e no Japão destruído pelas bombas de Hiroshima e Nagasaki na 2ª guerra mundial. E é durante o segundo conflito global que começa a tomar corpo a hegemonia da informação ocidentalizada, ou melhor, norte- americanizada.

Embora a Alemanha esteja além do Meridiano de Greenwich, portanto é um país oriental, ela possui economia, cultura e sociedade ocidentalizada. Mas isso não impediu que a civilização ocidental a visse como vilã das duas grandes guerras. No império germânico construído por Hitler, a história confirma que a ampla maioria da população teutônica era a favor de seu líder e sua política de espaço vital e preservação da raça ariana. É o que consta na mais completa biografia sobre o Führer, escrita por Ian Kershaw. Mas nem toda essa popularidae foi capaz de impedir que países da Europa ocidental e os EUA, com aquela história de que a Alemanha representava um risco ao mundo, caissem em cima da República de Weimar, até que ela fosse destruída e desmoralizada. O mundo todo sabe que Hitler matou muitos judeus, cerca de 6 milhões, mas o número de pessoas que perderam a vida na 2º Guerra foi ainda maior, aproximadamente 60 milhões. Ou seja, os EUA, França e Inglaterra declararam guerra a Alemanha por discordarem de sua política expansionista e xenofóbica, mas com isso causou uma tragédia ainda maior. Mas informações com esse viés são protegidas para não sujar o nome dos EUA e seus aliados. E a imprensa do resto do mundo se cala diante do poder do gigante americano.

Depois desse episódio, tantos outros ocorreram. Dois exemplos são ligados ao período da Guerra Fria, quando os EUA e a extinta URSS diputavam o posto de mais poderosos do mundo. Um dos casos é o embargo a Cuba, que até hoje vive sérias consequências desse isolamento, com sua imagem relacionada ao regime comunista no Ocidente. Não dá para esquecer a guerra do Vietnã, conflito em que os americanos se meteram e deixou o saldo de mais de 1 milhão de mortos e o dobro de mutilados e feridos. A guerra arrasou campos agrícolas, destruiu casas e provocou prejuízos econômicos gravíssimos ao Vietnã. A própria população americana foi contra o governo, mas os EUA, mesmo depois do fracasso, continuou com a política de intervir em nações alheias e omitir informações relevantes sobre seus procedimentos. Mais recentemente, após o 11 de setembro de 2001, uma avalanche de malidicências sobre o Oriente encobriu o Ocidente. A imprensa ocidental, como sempre refém do poderio norte americano, seguiu a cartilha do presidente dos EUA. O Afeganistão foi tachado como o culpado pelo atentado terrorista que derrubou as torre gêmeas. Os americanos invadiram o território afegão em busca dos culpados, milhares de civis foram presos, torturados e mortos, como revela o documentário, vencedor do Oscar em 2008, “Táxi para a Escuridão”. O governo americano queria encontrar os culpados e mostrar para o mundo quem é que manda. Nesse processo, até hoje, os EUA não conseguiram capturar Osama Bin Laden, principal acusado pelos atos terroristas, e muito menos destruir o Talibã, regime fortemente armado que domina parte do território Afegão. Mas a imprensa cega, surda e muda, não sabe de nada, quando sabe não revela e quando revela já é tarde demais.

O tratado de Genebra, criado em 1954, jamais foi respeitado pelos EUA, que por debaixo dos panos, tentam encontrar culpados para os crimes que supõem. Guatánamo, Bagram e Abu Ghraib viraram cenário para os norte-americanos fazerem aquilo que era feio, errado, criminoso quando feito por outra nação como a Alemanha e as execuções de judeus nos campos de Auschwitz. As atrocidades praticadas pelos soldados americanos nesses locais não são menos graves do que as que os nazistas submeteram aos judeus. Afogamento, choque, humilhação, queimaduras, entre outras práticas de torturas são comuns entre os militares americanos e os prisioneiros de guerra. Mas tudo fica em sigilo, sob a proteção do Pentágono.

A ganância e o poder levaram os EUA a perderem todo e qualquer escrúpulo. Eles fizeram a cabeça do mundo, afirmaram com toda convicção que o Iraque de Saddam Hussein tinha armas nucleares. Foram lá, derrubaram Saddam, mataram milhares de civis e nada foi encontrado. O líder iraquiano foi julgado e executado. Não se justificam todas as atrocidades cometidas por esse ditador, mas cada um que cuide do seu. As nações são autonômas, tais intromissões só causam a desgraça, está mais do que provado. Em 2011, os EUA meteram a colher no Egito até derrubar o presidente Mubarak, seguido da Líbia de Muammar Kaddafi, que ainda sofre com a intervenção militar da tal “Liga do Bem”, formada pelos mesmos protagonistas de sempre (EUA, França e Inglaterra).

A explicação para a distorção das informações, do Oriente do mal para o Ocidente do bem, pode estar na fonte de informação dos acontecimentos internacionais. A maior parte do conteúdo dessa editoria tem origem nas agências de notícias. Agora adivinhem de onde são tais agências.

O repórter de internacional, João Batista Natali, afirma isso no seu livro Jornalismo Internacional: “Ao longo da história as agências disputaram a posição de fonte de informação mais importante do planeta. A França, o Reino Unido e os Estados Unidos foram países em ascensão no momento em que a industrialização os projetava e também pelo poderio de sua imprensa. Em outras palavras, a história do jornalismo internacional é de algum modo a história dos vencedores.”

Os países desenvolvidos controlam praticamente o circuito mundial de notícias, através de oito agências, editam 83% dos livros publicados no mundo e controlam as maiores agências de publicidade do globo. As oito agências que ditam o rumo do noticiário internacional são a francesa Agence France Presse (AFP), as norte americanas CNN, United Press Internacional (UPI) e Associated Press (AP), a inglesa Reuters, a italiana ANSA e a alemã DPA, às quais se poderia acrescentar a espanhola EFE, além de algumas menores, mas igualmente baseadas nos países desenvolvidos. Falando assim fica óbvio descobrir que a imprensa brasileira e ocidental reproduz o que querem os “donos do mundo”.

Artigo feito por Ana Carolina Cavallaro e Neuber Fischer, para crédito a disciplina Tópicos Específicos - Prof. Wagner Belmonte - Jornalismo - Fapcom 2011

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