quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Uma Segunda leitura da Primeira Página

Neuber Fischer

Uma segunda leitura da primeira página é um texto sobre a interpretação das capas dos jornais a partir do texto e da imagem. Como afirma Boris Kossoy, “a composição entre texto e imagem cria um novo texto,..., visando gerar uma nova compreensão dos fatos”. p.83.

Ver e registrar. Tudo o que se vê é registrado de alguma forma, seja mentalmente ou em um suporte externo como a fotografia, com a intenção de compartilhar e comunicar. “Ver precede as palavras...”. (BERGER; 1999:9) p.84.

A fotografia na construção dos mundos. A fotografia desde seu surgimento tem sido utilizada como testemunho da realidade da verdade. O papel da fotografia é conservar o passado. Em um primeiro momento é uma ilustração que passa a ser informação. As imagens são atemporais e conservam a memória viva. “Muitos acreditavam que a fotografia fosse uma evidência a favor dos fatos”. (SCHERER; 1996:70) p.85.

Os fatos o real e o compromisso com a verdade. A fotografia utilizada no jornalismo tem como missão retratar a verdade, a realidade dos fatos. “Uma idéia é verdadeira quando corresponde a coisa que é seu conteúdo e que existe fora de nosso espírito ou de nosso pensamento”. (CHAUÍ; 1997:100) p.89.

O que é visto, o que é publicado. A fotografia embora retrate o real, um momento ocorrido, não informa a realidade dos fatos que envolvem o momento fotografado, para a compreensão da informação é necessário o texto, o título, a legenda que complementam e fazem entender a situação do fato ocorrido. Na fotografia nem sempre o que parece é. Imagens podem, mas não devem, ser adulteradas, e o texto aliado a imagem pode dar margem a múltiplas interpretações. Intencional ou não, essa é uma prática corriqueira nos jornais impressos. “No caso das fotografias que são veiculadas pelos meios de comunicação o processo de construção da representação não se finaliza com a materialização da imagem através do processo de criação do fotógrafo”. (KOSSOY; 2000:54) p.92.

Muitos não percebem, mas indiretamente, jornais estampam em suas capas fotos e manchetes, que aliados sugerem interpretações que demonstram a linha editorial do jornal. Como a foto citada no texto analisado, a fotografia que nada tinha a ver com a manchete dava a entender que os fotografados mandavam o sujeito da manchete embora, a questão é que a foto era a imagem de uma situação e a manchete de outra completamente diferente, mas o jornal utilizou a artimanha para atrair o leitor e vender mais jornais. No entanto a foto era uma manchete e o título outra manchete, ou seja, duas chamadas atrativas na primeira página. Este é um recurso amplamente utilizado na mídia impressa.

Importante é ressaltar que a foto por si só não informa completamente, ela mostra um momento, que pode sugerir varias situações, mas para que ela seja interpretada corretamente e passe a informação clara e precisa se faz necessário o uso de legenda, título e texto bem feito, como manda o bom jornalismo.

GONÇALVES, José Roberto. Uma Segunda leitura da Primeira Página. Conectiva-Revista de Estudos Midiáticos, Pouso Alegre, ano 1. n. 2, p. 83-98, jan/jun. 2004.



Fichamento produzido em 2009 para crédito à disciplina Laboratório de Fotojornalismo da Profª. Ana Eugênia Nunes de Andrade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário