sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Hábitos da quaresma resistem ao tempo

Neuber Fischer

Julieta vai a igreja diariamente onde participa das missas e faz suas orações. Passada a quarta feira de cinzas, Julieta acredita que: “as cinzas simbolizam a podridão do pecado depois dos folguedos da carne”. Na quaresma procura cumprir os rituais que para ela, “são mistérios que a fazem crescer na fé” cumprir as vias sacras, jejuns “que são muito importantes, pois modificam a alma”, orações, penitências “antigamente usavam silício hoje há outras formas de se penitenciar, como falar apenas o que edifica e não murmurar”, sacrifícios e fazer caridade “que é o elo entre Deus e o homem”. Julieta acredita que a quaresma mudou, antigamente era mais rígido, mais solene, hoje é mais festivo, liberal, mas o importante é que tem que haver a mudança, a conversão, muda-se o exterior, mas a essência não muda, “o que vale é a consciência, temos que transmitir o rosto de cristo” afirma Julieta, para quem sacrifício “é fazer com amor com o coração com humildade”.

Ela acredita que hoje muitos católicos não seguem os rituais da quaresma, para ela as pessoas são livres, mas é preciso seguir princípios e o verdadeiro sentido de ser cristão, praticando de coração os rituais da quaresma, porém não se pode julgar. Para Julieta ser um bom católico é dar testemunho do que fala e viver a palavra tendo a vida como um espelho de cristo.

A cor roxa tradicionalmente usada durante os quarenta dias da quaresma para cobrir as imagens nas igrejas simboliza o sofrimento, mas ao chegar o domingo de Páscoa vesti-se branco para se comemorar a paz. Juntamente com a quaresma é lançada todo ano a Campanha da Fraternidade, neste ano o tema é Fraternidade e Segurança Pública e o lema é A Paz é Fruto da Justiça, segundo Julieta as campanhas têm contribuído com sucesso para que os desafios da sociedade sejam superados e têm dado muitos frutos, resultados, “é um trabalho maravilhoso da igreja, é viver entre irmãos”.

Julieta Burza nasceu em Ouro Fino, no dia 10 de abril, num domingo de Ramos. Vaidosa ela preferiu não revelar o ano, filha de um italiano Antonio Burza e da pianista paulista Luiza Zanetti Burza, Julieta é a terceira filha de quatro irmãos: João Bellini Burza, médico psiquiatra internacionalmente reconhecido, Mariana Burza Piovesan e Maria Luiza Burza, carinhosamente chamada de Marilu, solteira e sem filhos Julieta pode se dedicar aos estudos, é formada em Direito pela Faculdade de Direito do Sul de Minas, professora, lecionou em varias escolas e faculdade de Ouro Fino, é pós graduada em Sociologia e História do Brasil, diplomada pelo curso superior de pastoral, catequese e supervisão de ensino religioso, poeta, pianista e concertista formada pelos conservatórios de Campinas e de Santa Cecília em Roma, e teóloga formada pela Pontifícia Universidade de São João do Latrão também em Roma na Itália.

De família tradicionalmente católica e religiosa, Julieta Burza, devota de Nossa Senhora de Lourdes, participa das celebrações das duas paróquias de Ouro Fino, a do Santuário de São Francisco de Paula e Nossa Senhora de Fátima e a de Santo Antonio, sente-se feliz por seguir de perto o dia-a-dia da igreja, a qual esta ligada desde a infância, onde toca órgão desde os 11 anos, participou de corais, dirigiu a irmandade de meninas dos Santos Anjos, foi professora de catecismo, ministra da eucaristia, participa da organização das festividades religiosas da cidade de Ouro Fino, com criação de peças e autos, e é membro da organização Pia União das Filhas de Maria. Julieta conta com orgulho que foi a responsável pela vinda da imagem original de Nossa Senhora de Aparecida para Ouro Fino em 15 de dezembro de 1966, na época a imagem veio acompanhada dos redentoristas Padre Vitor Coelho de Almeida e Alderige Torriani, sacerdotes, já falecidos, que estão atualmente em processo de beatificação.

Em sua caminhada religiosa Julieta conheceu diversos lugares por onde tocou órgão, na Terra Santa em Belém, em Nazaré, no Vaticano, em Roma, em Lourdes na França, Fátima em Portugal e em Aparecida no Brasil. Julieta teve a oportunidade de conhecer pessoalmente os Papas Paulo VI com quem esteve em audiência solene e João Paulo II, além de cardeais e monsenhores. Julieta em seus estudos defendeu teses como Mariologia: estudo profundo sobre Maria, em Roma.

Além de ser conhecida por sua religiosidade, Julieta é também reconhecida por seu trabalho em prol da cultura e educação, prova disso é que já recebeu diversas condecorações entre elas o “Laurel: O Bateador”, símbolo maior de Ouro Fino entregue pela Prefeitura e Câmara Municipal, única mulher até hoje a receber a honraria; a “Medalha da Inconfidência” entregue em Ouro Preto pelo ex-governador de Minas Eduardo Azeredo, a “Medalha do Mérito Legislativo” entregue pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais, a “Medalha Santos Dumont” entregue pelo então governador Itamar Franco, e a “Comanda da Ordem do Mérito da Defesa” entregue pelo vice-presidente José de Alencar representando o presidente Lula, além de tantas outras homenagens, como ter sido paraninfa de formaturas por mais de 30 vezes. Julieta também já realizou mais de mil discursos em solenidades de todos os níveis.

Julieta é junto com seu falecido irmão João Bellini Burza madrinha de casamento do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso e da senhora Ruth Cardoso já falecida; Julieta compareceu à posse de FHC em 1995 em seu primeiro mandato e no velório e sepultamento da ex-primeira dama Ruth Cardoso em 2008. Além disso, Julieta é membro da Academia Ourofinense de Letras e já foi recebida em sessão especial na Academia Brasileira de Letras. Foi também solista-pianista junto com a Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro. Por sua iniciativa foi construída as grutas de Nossa Senhora de Lourdes na escola Estadual Francisco Ribeiro da Fonseca e nas Faculdades Asmec, ambos em Ouro Fino. Foi também homenageada sendo seu nome e retrato colocados, no salão nobre de festas, da Escola Estadual Francisco Ribeiro da Fonseca (Escola Normal).

Por todas as conquistas e homenagens Julieta Burza agradece constantemente “sou uma pessoa privilegiada, desde crianças recebi muitas graças divinas”, mas modesta diz não merecer tanto. “Obrigada, oh! Deus! Pelas maravilhas que operastes em nossas vidas pelas mãos de Maria”.


Matéria produzida para a Extensão em Jornalismo Impresso do Curso de Comunicação Social - Jornalismo da UNIVÁS.
Atividade supervisionada pela Profª. Ana Eugênia Nunes de Andrade.
Publicada no Jornal do Estado em Pouso Alegre-MG, em 06 de março de 2009
Edição Nº 1791 / Ano 23 / Pág. 6

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